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  • Denise Tonello

Brasil: uma viagem pela Alegria! Parte 1



Se tem algo que o Brasil tem de sobra é a alegria! Alegria de seu povo sonhador e realizador, criativo e guerreiro, que não se abate pelas adversidades e segue encantando o mundo, ao som de suas músicas, danças e festas contagiantes!


Seja você brasileiro, estrangeiro amante do Brasil ou viajante à procura de informações sobre a cultura brasileira para sua próxima viagem, que tal conhecer um pouco mais sobre a história e as curiosidades de importantes ritmos, danças e festividades que tornam o Brasil único nos quesitos diversidade, gingado e carisma?


Neste post, vamos começar pelos dois ritmos que têm em comum a festividade mais importante do país – o Carnaval!


Em primeiro lugar, o Samba!


Ao lado do futebol, é a mais conhecida manifestação cultural do Brasil, mundo afora.

Apesar de diretamente ligado ao Carnaval, o Samba transcende essa festividade, estendendo-se ao longo do ano todo, de norte a sul do país, em bares, rodas de amigos e festas.


Estudiosos apontam o Recôncavo Baiano como sendo o berço do Samba. O nome “samba” provém da língua Banto, falada em Angola, e há duas versões quanto à sua origem: a palavra pode ter vindo do termo “semba”, que significa bater umbigo com umbigo, ou pode ser a junção dos termos sam (pagar) e ba (receber). Nas antigas rodas de escravos, em seus momentos de folga, estes praticavam a umbigada, dança em que dois participantes davam barrigadas um no baixo-ventre do outro.


Após a abolição da escravidão, seguida pela instituição da República, no final do século XIX, muitos negros foram em busca de trabalho na então capital da República – Rio de Janeiro, levando esse ritmo consigo. E foi lá que o Samba se disseminou.


Em 1916 foi gravado no Rio de Janeiro o primeiro samba chamado “Pelo Telefone”, com letra de Mauro de Almeida e Donga, fruto de improvisação de versos em uma roda de amigos, nas proximidades da Praça Onze.


Sorrateiro, o Samba foi entrando nos salões da elite e aos poucos se associando ao Carnaval, que até então era regado ao som de marchinhas. Lá, os batuques praticados pelos negros misturaram-se aos ritmos europeus, como polca, valsa, mazurca, minueto, entre outros, dando origem a esse ritmo tipicamente brasileiro, graças ao apoio de notáveis como Chiquinha Gonzaga.

Na década de 1930, o ritmo foi popularizado por Noel Rosa e Ary Barroso. Inclusive, comemora-se o Dia do Samba em 2 de Dezembro por ser a data em que Ary Barroso visitou a Bahia pela primeira vez.


E o Samba foi passando a ter algumas variações em cada região do Brasil por onde se espalhou sem, entretanto, perder sua cadência característica. No Brasil, destacam-se:

  • Samba da Bahia (influenciado pelos batuques e canções africanas);

  • Samba Carioca (influenciado pelo maxixe, tipo de dança de salão criada por afrodescendentes no fim do século XIX);

  • Samba Paulista (originado nas festas das colheitas de café nas fazendas, com som de percussão mais grave).

Os principais tipos de Samba que encantam o mundo são:

  • Samba da Roda, o mais antigo, surgido na Bahia no século XIX, associado à capoeira e ao culto dos orixás, em que se dança dentro de uma roda, ao som de batuques, palmas e cantos.

  • Samba-canção, com letras românticas e ritmos mais lentos, surgido na década de 1920 no Rio de Janeiro e popularizado Brasil afora, entre 1950 e 1960.

  • Samba-enredo, surgido na década de 1930 e associado ao Carnaval, com letras de caráter histórico, social ou cultural.

  • Samba de breque, também da década de 1930, caracterizado pela pausa do acompanhamento para uma declamação do intérprete nos breques, advindos da palavra inglesa brake.

  • Samba-choro, surgido na década de 1930, como fusão do samba com o choro.

  • Samba-exaltação, com letras patrióticas, cujo marco é a música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, lançada no ano de 1939.

  • Samba de gafieira, derivado do maxixe e que surgiu na década de 1940 como dança de salão em que o par de dançarinos é acompanhado por orquestra em ritmo acelerado.

  • Bossa Nova, surgida no final da década de 1950 com forte influência do jazz, resultando em uma nova forma cadenciada, repleta de dissonantes. Seu início foi marcado pelo lançamento de ‘Chega de Saudade’, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, na voz de João Gilberto.

  • Partido Alto, samba cantado em forma de desafio pelos participantes, em versos improvisados. É o precursor do Pagode de raíz.

  • Pagode, surgido no Rio de Janeiro na década de 1970, a partir da tradição das rodas de samba.

As diferentes variações utilizam instrumentos de corda (violão, viola ou cavaquinho) e de percussão (atabaque, berimbau, chocalho e pandeiro).


Em 2007, Samba do Rio de Janeiro tornou-se patrimônio cultural pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em 2012 o samba de roda foi reconhecido como patrimônio cultural da Humanidade pela UNESCO.


Quer saber mais acerca desse ícone da cultura brasileira? Visite o Museu do Samba, maior centro de memória do gênero no Brasil, próximo do morro da Mangueira, no Rio de Janeiro.

Criado como Centro Cultural Cartola, em 2001, apresenta mais de 45 mil itens de acervo, entre pinturas, fotografias, indumentárias etc. Há também rodas de samba, palestras, oficinas, entre outras atividades. O Museu abre de segunda a sexta, das 10h às 17h. Aos sábados e domingos, somente com agendamento. Para saber mais, acesse www.museudosamba.org.br

Museu do Samba (foto foliadosamba.com)


Agora alucina! É Frevo!


Ritmo que se originou no século XIX, na cidade de Recife, em Pernambuco, o Frevo foi resultante da rivalidade entre as bandas militares e os escravos recém libertos pela Abolição, que acabaram por criar um ritmo carnavalesco a partir das marchinhas de Carnaval, com pitadas de influência da polca russa, passos do balé clássico e outras danças afro-brasileiras populares, como a capoeira e o maxixe.


Interessante saber que a palavra Frevo é uma corruptela do verbo ferver, ou seja, “frever”, por ser uma dança frenética, num ritmo muito acelerado.


Este conjunto de ritmo e dança surgiu num contexto histórico igualmente frenético em termos políticos e sociais, pois vivia-se o pós-abolicionismo, em meio ao surgimento de uma nova classe operária.


O Frevo é tocado pela orquestra chamada Fanfarra e se divide em três variações:

  • Frevo de rua, que é o mais tradicional e não é cantado, apenas executado ao ritmo dos instrumentos musicais (pistões, trombones, trompetes e notas agudas como base para a dança).

  • Frevo-canção, o frevo orquestrado que apresenta um ritmo mais lento.

  • Frevo de bloco que surgiu a partir das serenatas de Carnaval e é cantado como uma marchinha, acompanhado de banjos, cavaquinhos, violões e outros instrumentos de corda e de sopro, como o clarinete.

Não há como se pensar no Frevo e não se lembrar das sombrinhas coloridas que, além de emprestarem um charme especial, têm um papel fundamental na coreografia, dando equilíbrio aos passistas em meio aos passos acrobáticos.


Interessante ressaltar que os porretes, usados para ataque e defesa durante os blocos de rua no Recife, foram os precursores das graciosas sombrinhas. Com a proibição policial, os porretes foram substituídos por guarda-chuvas e, posteriormente, pelas sombrinhas levadas pelas mulheres. Assim, foram se tornando adereços indispensáveis à folia, desfilando com as cores da bandeira de Pernambuco.


O ritmo do frevo, em conjunto com a capoeira, formou a dança que parece simples, mas que é de fato complexa, com rodopios, malabarismos e ritmo frenético, composta por mais de 120 passos diferentes.


Em 2007 o Frevo tornou-se patrimônio cultural pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em 2012, foi reconhecido como patrimônio cultural da Humanidade pela UNESCO.


Lembre-se que o Dia Nacional do Frevo é comemorado em 14 de setembro, mas no Recife é comemorado também em 9 de fevereiro, ao longo das festividades do Carnaval.

Em viagem a Recife? Não deixe de visitar o Paço do Frevo. O centro apresenta conteúdos e linguagens diversas para manter vivo o ritmo que embalou a formação da identidade cultural recifense. Aberto de terça a sexta, das 9h às 17h; sábados e domingos, das 14h às 18h. Mais informações no site www.pacodofrevo.org.br


Passistas de Frevo (foto fundaj.gov.br)


E então, já se decidiu como será seu próximo Carnaval e para onde será a viagem? Ao som de um contagiante Samba-Enredo ou ao ritmo alucinante do Frevo?… Só não deixe de cair na folia! E correr pro nosso instagram @sorapissdesign e fazer o quiz nos destaques, para testar o quanto aprendeu sobre Samba e Frevo, que inspiraram diretamente as composições da série Alegria, da nossa Coleção Brasilidades!


Ah, e leia o post ‘Brasil: uma viagem pela Alegria! Parte 2’, aqui no nosso blog, para conhecer outras festividades e ritmos tipicamente brasileiros! ( https://sorapiss.com/brasil-uma-viagem-pela-alegria-parte-2 )

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